Elevando a Transparência Climática: Um Caminho para a Credibilidade, ação e Impacto Real
Em um contexto de urgência climática crescente, marcado pelas COPs e pelos compromissos globais com as mudanças e seus impactos, a transparência emerge como pedra angular para a credibilidade das ações climáticas. Sem visibilidade adequada — sobre emissões, uso de solo, mecanismos de mitigação, adaptação ou financiamento —, metas ambiciosas correm o risco de permanecer no papel ou de serem associadas a práticas de greenwashing. É neste cenário que tecnologias 4.0, em especial a blockchain, podem desempenhar papel decisivo, fornecendo infraestrutura confiável para monitorar, registrar, verificar e tornar públicos os dados ambientais.
Desafios atuais e Iniciativas Promissoras
Plataformas como Regen Registry são exemplos de aplicação concreta de tokenização de créditos de carbono via blockchain, buscando aumentar segurança e controle na comercialização e neutralização de pegadas de carbono. (https://www.regen.network/)
Também há iniciativas como o Registro Nacional de Créditos de Carbono, desenvolvido com apoio do PNUD, que prevê uso de tecnologia para assegurar que cada crédito seja contabilizado de modo transparente, evitando dupla contagem e promovendo conformidade com padrões regulatórios nacionais e internacionais. (Inter-American Development Bank)
Um outro exemplo de rastreabilidade ambiental apoiada por blockchain é o projeto da Green Bonds Brasil no Cerrado, que cria cadeia de custódia para créditos ambientais (stock de solo / vegetação nativa), combinando certificações, auditoria e tecnologias digitais para garantir a origem e a confiabilidade do ativo ambiental. (Land Innovation Fund)
Desafios, contudo, permanecem: garantir qualidade dos dados de entrada (sensores, relatórios locais), interoperabilidade entre registros diferentes, requisitos regulatórios claros, eficiência de custos, envolvimento das comunidades locais, e credibilidade institucional.
Estratégias de Ação
- A Action Agenda da COP30 tem prioridade para tecnologia digital, inovação e infraestruturas que permitam execução de compromissos climáticos, além de iniciativas como o Plano de Transformação Ecológica do Brasil. (COP30 Brasil)
- O Brasil já propôs durante COP30 a criação de uma Coalizão Aberta para integração de mercados de carbono (“Open Coalition for Carbon Market Integration”), que visa harmonizar padrões e aumentar liquidez e transparência no setor de créditos de carbono. (COP30 Brasil)
- Ferramentas de transparência como o painel de monitoramento do Plano de Transformação Ecológica (“New Brazil”) já estão em operação, mostrando como monitoramento público pode ser parte de infraestrutura institucional. (Serviços e Informações do Brasil)
Assim, podemos dizer que as tecnologias e, especialmente, a blockchain não é mágica nem garante impacto por si só, mas quando integrada a boas práticas de MRV, padrões reconhecidos, participação local e regulação clara, ela se torna infraestrutura indispensável de transparência climática. Para a Ecossis, esse é um campo estratégico para deixar um legado concreto — não apenas de compromissos, mas de instrumentos tecnológicos e institucionais que sustentem a ação climática real, verificável e justa.