Entre os inúmeros benefícios das florestas nativas está o grande potencial de estocar carbono na biomassa de suas árvores, o que pode contrabalancear as emissões de gases de efeito estufa para a atmosfera. Estudo publicado sexta-feira (17), na revista Science Advances traz novos subsídios para compreender o conceito de “sequestro de carbono”, um aspecto estratégico no debate sobre mudanças climáticas globais.
“Ainda sabemos pouco sobre quais são os fatores que podem levar florestas a estocar mais ou menos carbono”, diz Renato Augusto Ferreira de Lima, pesquisador do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP), atualmente no Centre for the Synthesis and Analysis of Biodiversity (Cesab, com sede em Montpellier, França), e um dos dez cientistas que assinam o artigo.
“Neste trabalho nós usamos uma grande base de dados de inventários florestais para avaliar quais são os fatores que têm maior peso para explicar os estoques de carbono atuais na Mata Atlântica. Encontramos que os fatores ligados aos diferentes tipos de impactos humanos sobre a floresta têm o maior peso, sendo este duas a seis vezes maior que fatores como clima, solo e características das espécies de árvores que compõem a floresta”, explica.
Portanto, reverter os efeitos dos impactos humanos nos remanescentes de Mata Atlântica seria a melhor estratégia para aumentar os estoques de carbono florestais. Atualmente, cerca de 50% da população brasileira reside em áreas originalmente ocupadas pelo bioma.
Segundo Marcela Venelli Pyles, doutoranda em ecologia aplicada do Departamento de Ecologia e Conservação da Universidade Federal de Lavras (UFLA), que lidera o estudo, a conservação dos estoques de carbono da Mata Atlântica é altamente dependente da degradação florestal, que pode levar a perdas de carbono pelo menos 30% maiores do que qualquer futura mudança climática.