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Energias renováveis: desenvolvimento precisa de mais profissionais qualificados

A Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês) e a Aliança Global de Renováveis assinaram um memorando de entendimento para trabalharem juntas em ações voltada à transição energética. Segundo as duas instituições globais, o mundo precisa de energias renováveis imediatamente e os formuladores de políticas devem ter um foco claro para fornecê-las.

O reforço à disseminação do uso de energias renováveis já domina a agenda dos países e terá muita relevância durante a COP28 – 28ª Conferência de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU) – que acontecerá no final deste ano. Um dos pontos altos será a discussão em torno do Acordo de Paris, que tem entre seus objetivos reduzir as emissões de gases de efeito estufa, causadores o aquecimento global. Para isso, todos os envolvidos precisam implementar medidas práticas.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o Brasil tem 83% de sua matriz elétrica originada de fontes renováveis. A participação é liderada pela hidrelétrica (63,8%), seguida de eólica (9,3%), biomassa e biogás (8,9%) e solar centralizada (1,4%).

Há oportunidades na expansão de novas formas de energia e para que exista avanço na pesquisa e aplicação das energias renováveis é fundamental a atenção à capacitação de profissionais para esse campo.

Para o professor Vicente de Lima Gongora, doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade de São Paulo (USP) e coordenador de Educação da UniSenai PR, é possível perceber um grande potencial no Brasil, tanto no desenvolvimento quanto na diversificação das energias renováveis.

“Temos abundância de recursos naturais, como sol, vento, água e biomassa e o país já é conhecido, mundialmente, por ter um sistema elétrico altamente renovável, já que utiliza a matriz hidrelétrica. Mas sabemos que há uma forte tendência de crescimento no estudo e uso de energias como a eólica, solar e biomassa. Isso representa muitas oportunidades para a atuação dos profissionais da engenharia elétrica, que podem desenvolver melhorias e implementar tecnologias que reduzem o consumo nas indústrias, edifícios e em sistemas de transporte”, comenta.

Ele explica que é fundamental que os cursos de Engenharia deem a devida importância ao tema. “No curso de Engenharia Elétrica da UniSenai PR, além da preparação técnica dos alunos, levamos em consideração as questões relacionadas ao meio ambiente e à sustentabilidade, colocando-as de forma transversal na matriz curricular”, conta.

Para exemplificar, o professor cita o desenvolvimento de um kit didático que simula a energia solar durante o período noturno, feito pelos alunos do curso na Jornada de Aprendizagem.

O objetivo foi prepará-los para que se apropriem de todos os parâmetros que envolvem a geração de energia solar como, por exemplo, quantidade de radiação, sistemas eletrônicos de controle e de geração de energia. É a aprendizagem colocada em prática, preparando os profissionais para os desafios de utilização de fontes renováveis de energia.

Atualização é diferencial para os profissionais

No cenário atual, é indispensável que as instituições de ensino foquem o ensino em temas relacionados com as novas tecnologias, como acrescenta John Jaime, aluno de graduação de Engenharia Elétrica da UniSenai PR, ao compartilhar sua experiência.

“A instituição não só objetiva termos o total acesso ao conteúdo teórico dessas tecnologias, como também põe à prova nossos conhecimentos adquiridos ao longo do curso, com aulas práticas e atividades totalmente direcionadas ao assunto”, conta o estudante, que participou de ações como competições de iniciação científica, elaboração de artigos detalhados sobre as metodologias aplicadas à disciplina, dentre outras.

Paulo Andrade Leal, doutor em Engenharia de Produção e Sistemas e professor dos cursos de Engenharia de Energias e de Engenharia Automotiva da UniSenai PR, acredita que o engenheiro é um profissional que pode atuar em diversas áreas do mercado, por sua habilidade de análise e síntese, em especial o engenheiro eletricista, devido à capacidade analítica diferenciada.

“Acredito que nos próximos dez anos, teremos a necessidade de profissionais com essas características, pois a forma de nos locomovermos será profundamente dependente de recursos energéticos diferentes do petróleo. Sabemos que é crescente a procura por sistemas energéticos ambientalmente corretos e sustentáveis. A energia elétrica será parte da solução de mobilidade. Nesse cenário, os engenheiros eletricistas serão fundamentais”, comenta.

Engenheiro eletricista: uma atuação multidimensional

Profissional multifacetado, o engenheiro eletricista tem uma atuação diversa e dinâmica. Segundo o professor Vicente, o curso de Engenharia Elétrica da UniSenai PR vem preparando engenheiros que podem desempenhar atividades em segmentos como:

  1. Setor energético: na geração, transmissão e distribuição de energia elétrica em projetos, expansão e manutenção de usinas hidrelétricas, parques eólicos, usinas solares e outras fontes renováveis;
  2. Indústria automotiva: envolvendo-se no projeto e desenvolvimento dos sistemas elétricos e eletrônicos dos veículos, que incluem motores elétricos, baterias, sistemas de carregamento, além de todos os sistemas de controle e supervisão dos veículos elétricos;
  3. Indústria de tecnologia: inclui telecomunicações, equipamentos médicos e a própria indústria eletrônica de consumo; desenvolvendo projetos novos e inovadores produtos tecnológicos para outras utilizações;
  4. Automação industrial: possibilidade de atuar em empresas que fornecem soluções de automação e controle; envolvendo uma série de funções como o projeto, o desenvolvimento, a programação de controladores lógicos programáveis, integração de sistemas e a otimização de processos industriais que visem eficiência energética, contribuindo com a competitividade da indústria;
  5. Consultoria: pode fazer serviços de consultoria e suporte técnico, estudos de viabilidade, personalização de projetos, manutenção e análises para a conservação e economia de energia elétrica.

Vicente Gongora destaca que há escassez de profissionais para trabalhar com Inteligência Artificial e que essa temática recebe uma abordagem aprofundada no curso de Engenharia Elétrica da UniSenai PR.

Infraestrutura ainda é um desafio

Apesar das fontes renováveis de energia serem excelentes alternativas à promoção do desenvolvimento sustentável, ainda existem obstáculos a serem superados, como os custos diretos de uma determinada tecnologia em comparação com as concorrentes, incerteza políticas e regulatórias, além da burocracia que pode incluir licenciamentos complicados ou lentos.

“Acredito que o Brasil ainda apresenta desafios a serem enfrentados para que possa aproveitar plenamente e estar em equivalência com outros países na questão das energias renováveis. A infraestrutura necessária para a geração, transmissão e distribuição dessas energias, clareza nas políticas e regulamentações e a disponibilidade de financiamento são alguns exemplos. Mas a realidade nos mostra que esse é um caminho sem volta, já que não há como pensar na vida do planeta sem o investimento em energia limpa”, completa o professor.

Fonte: G1

Leia a notícia original em: https://g1.globo.com/pr/parana/especial-publicitario/fiep/sistema-fiep/noticia/2023/06/28/energias-renovaveis-desenvolvimento-precisa-de-mais-profissionais-qualificados.ghtml

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