Olimpíadas de Inverno de Pequim, um Compromisso Verde com o Mundo
Foram encerrados, na noite de 13 de março, os Jogos Paraolímpicos de Inverno de Beijing 2022. Desde 4 de fevereiro, as Olimpíadas de Inverno apresentaram ao mundo um espetáculo atrás do outro, com as fantásticas cerimônias de abertura e de encerramento, as emoções nas competições e a fraternidade sem fronteira dos atletas.
Tudo isso manifesta o espírito olímpico “mais rápido, mais alto, mais forte – juntos”, deixando para a humanidade memórias e legado valiosos. Beijing, a primeira cidade duplamente olímpica do mundo, honrou seu compromisso com a sustentabilidade e entregou as primeiras Olimpíadas neutras em carbono da história.
O espírito olímpico não diz respeito apenas ao fairplay, como também visa à paz, à amizade, à solidariedade e ao desenvolvimento da humanidade. No mundo de hoje, a proteção ambiental é crucial para todos, a economia verde dita a tendência do desenvolvimento, portanto, cabe a todos os países implementar metas de um crescimento verde, descarbonizado e sustentável.
Não houve uma oportunidade melhor do que Beijing 2022 para engajar pessoas de todas as nacionalidades na preservação do nosso lar, o planeta Terra.
As ações falam mais alto do que as palavras. Em setembro de 2020, o Presidente Xi Jinping anunciou na 75ª Assembleia Geral da ONU que a China busca atingir o pico das emissões de CO2 antes de 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2060.
Como o maior país em desenvolvimento, a China fará o maior corte do mundo na intensidade de emissão de carbono e concluirá a transição do pico das emissões para a neutralidade ambiental no menor curso de tempo da história.
Beijing 2022 foi uma vitrine das ações chinesas nesse sentido e tornou-se a edição mais “verde” da história olímpica, colocando em prática durante todo o processo a priorização da sustentabilidade, a conservação dos recursos e o respeito ao meio ambiente. Muitas experiências podem servir como referência para outros países nessa jornada de resposta à mudança climática.
Nestes Jogos Olímpicos “mais verdes”, o legado olímpico é aproveitado ao máximo: Boa parte das instalações esportivas haviam sido construídas para Beijing 2008. A operação do primeiro projeto mundial de geração eólica e solar integrada com armazenamento assegura o abastecimento de energia 100% verde aos locais de competição.
Para produzir gelo, foi introduzido um sistema transcrítico de CO2 que neutraliza quase todas as emissões de carbono. O transporte também contou com energia limpa como hidrogênio, com a circulação de mais de 100 ônibus movidos a esse combustível de fonte limpa.
O mais notável é o sistema de cálculo dos créditos de carbono, que inclui a mais ampla gama de gases de efeito estufa, com a maior cobertura geográfica, a maior duração e o mais alto grau de transparência.
A pira olímpica chamou a atenção de todos, com sua emissão de carbono 5 mil vezes menor que a de Beijing 2008. A pira não foi acesa de maneira convencional e a microchama substituiu a labareda tradicional. “Verde” foi um destaque nas reportagens sobre Beijing 2020 feitas por imprensas de todas as nacionalidades.
Tecnologias sustentáveis foram apresentadas de diversas formas, numa perfeita integração de grande evento esportivo com a descarbonização, dando um novo exemplo para as ações globais.
Águas cristalinas e montanhas arborizadas valem mais que ouro. Nos últimos cinco anos, o desenvolvimento sustentável vem produzindo resultados na China: o carvão caiu para cerca de 56% da matriz energética enquanto a proporção de energia limpa aumentou para 25,3%.
O país é líder mundial em capacidade instalada e volume de geração de fontes eólica e fotovoltaica, além de ser campeão na produção e venda de veículos movidos a energia renovável. As emissões de CO2 por unidade do PIB caíram 18,8% em relação a 2015 e 48,4% sobre 2005, superando a meta anunciada de 40-45%. A China é hoje um dos países com a mais rápida redução na intensidade de consumo de energia do mundo, revertendo em grande medida o acelerado crescimento das emissões.
Com uma população de 1,4 bilhão de habitantes, a China precisa desenvolver sua economia e, ao mesmo tempo, honrar os compromissos com a descarbonização, alcançando o pico das emissões em menos de 10 anos. Com senso de responsabilidade, o país está conduzindo um desenvolvimento de baixo carbono, ao acelerar sua transição para um modelo de crescimento mais sustentável.
No ano passado, o governo chinês anunciou “10 ações para atingir o pico de carbono”, como a descarbonização da matriz energética, a conservação de energia e o aumento de eficiência, e campanhas nas indústrias, na construção civil e no transporte, assegurando o cumprimento da meta até 2030, como planejado.
Na sessão anual da Assembleia Popular Nacional e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, o assunto também foi amplamente debatido e o relatório de trabalho do governo central propôs melhorar continuamente o ambiente ecológico e promover o desenvolvimento verde e de baixo carbono. Determinada e esforçada , a China trabalha para alcançar as metas estabelecidas sobre a descarbonização e os objetivos da ONU para o desenvolvimento sustentável, contribuindo para um mundo cada vez mais “verde”.
O ambiente ecológico não distingue fronteiras, por isso a humanidade precisa de solidariedade e cooperação para enfrentar os desafios. Beijing 2022 deu mais uma contribuição chinesa para criar uma comunidade de futuro compartilhado para todos e preservar o planeta Terra, lar de todos nós.
Com o encerramento das Olímpiadas do Inverno, apagou-se a micropira alimentada por energia de hidrogênio, mas a flama que ela acendeu em nossos corações vai iluminar o caminho da humanidade para o desenvolvimento verde, de baixo carbono e com sustentabilidade.
*Artigo escrito por Chen Peijie, Cônsul-Geral da China em São Paulo
Brasil inicia temporada de concessões de parques e florestas
Depois de rodovias, aeroportos e saneamento, o Brasil deve entrar numa nova onda de concessões voltadas ao setor ambiental. Beneficiadas pelo apelo ESG (sigla em inglês para práticas ambientais, sociais e de governança), as licitações envolvem parques e florestas espalhados por todo o País. Só neste ano a expectativa é de realizar dez leilões até o terceiro trimestre, segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Mas o potencial é ainda maior.
A instituição calcula que haja 8,4 milhões de hectares de unidades de conservação que podem ser concedidos para a iniciativa privada – isso equivale ao tamanho da Áustria, diz o diretor de concessões e privatizações do banco, Fábio Abrahão. A área inclui parques e florestas naturais de Estados, municípios e governo federal. Alguns são viáveis economicamente, outros poderiam se tornar ferramentas interessantes na busca de empresas por maior sustentabilidade.
“As modelagens são menores. Para gerar impacto, precisamos de escala e um padrão”, diz Abrahão, que trabalha em cima dessas concessões há um ano e meio. Isso significa criar uma carteira de projetos interessante para atrair investidores. Outra preocupação foi desenvolver uma modelagem que trouxesse benefícios para o entorno dos parques ou florestas. Ou seja, definir exigências que promovam a interação com a população e melhorias nas comunidades locais.
“O mercado de parques no Brasil é muito pequeno e pode se desenvolver bastante se usarmos como exemplo países como Estados Unidos, Canadá e África do Sul, onde essa indústria movimenta muita gente e recursos”, diz Abrahão. A primeira concessão modelada pelo BNDES vai ocorrer em 22 de março. Trata-se da licitação do Parque Nacional Foz do Iguaçu (PR), que tem como principal atração as Cataratas – considerada uma das sete maravilhas da natureza. No total, o BNDES tem 50 projetos em elaboração.
Segundo o sócio da BF Capital, Renato Sucupira, exemplos de sucesso de alguns leilões já realizados, como o do Parque do Ibirapuera, em São Paulo, podem incentivar a entrada de investidores na nova leva de licitações. Na concessão de Foz do Iguaçu, por exemplo, ele acredita que a disputa será acirrada.
Mas o executivo avalia que a carteira do BNDES inclui parques e florestas não rentáveis, o que exigirá uma modelagem diferenciada para atrair investidores. Além disso, ele cita áreas com vocação turísticas, como Lençóis Maranhenses, mas que têm desafios ligados ao tamanho do parque. “Como fazer entradas nessas áreas?”
O diretor do BNDES destaca que, se bem-feitas, essas concessões podem ser importante ferramenta para as empresas na prática de ESG. Ele explica que a carteira tem tanto projetos autossuficientes quanto aqueles que não param de pé financeiramente. “Mas, mesmo nesses, há interessados em colocar dinheiro a fundo perdido.”
São empresas que querem aliar suas marcas à sustentabilidade. Além disso, alguns fundos têm metas para investir em companhias com essas iniciativas. Outro motivo para investir nessas concessões está no avanço do mercado de carbono. Ter uma área degradada, que precisa ser recuperada e preservada, pode render créditos no futuro.
Mas esses ativos só devem ser colocados na praça mais para a frente.
Brasil colocará a leilão seus primeiros parques eólicos
O Brasil reivindica um potencial enorme como produtor de energia eólica offshore devido ao imenso litoral do país -de mais de 7.000 km-, ventos constantes e águas relativamente pouco profundas. Considerando apenas “as áreas de maior viabilidade”, o Brasil tem uma capacidade de cerca de 700 gigawatts, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, quatro vezes a produção total do país e quase 20 vezes a energia eólica offshore produzida atualmente no mundo. “O Brasil tem um potencial inacreditável para ser um grande exportador de energia verde para o mundo”, declarou Freire.
“Com a Europa precisando urgentemente de achar uma alternativa energética, o Brasil, considerando apenas as áreas de maior viabilidade, as águas mais rasas, tem um potencial para produzir com o offshore quatro vezes o total de energia do Brasil de hoje para todas as outras fontes”, afirmou o secretário-adjunto desde Oslo, na Noruega, onde participou de uma conferência na qual anunciou a iniciativa. “O Brasil não tem essa demanda interna. Então é uma indústria para ser desenvolvida para exportação de soluções climáticas para os outros países que precisam achar essas alternativas”, completou.
O Brasil poderia contar com seus primeiros parques eólicos cinco anos após a realização do leilão, segundo Freire. O plano de lançar o leilão, anunciado pouco depois de um decreto presidencial que regula a geração de energia eólica offshore no Brasil, atraiu a atenção de grandes empresas internacionais de energia, segundo o governo. O leilão seria realizado pouco antes da eleição presidencial, na qual o presidente Jair Bolsonaro buscará um segundo mandato, provavelmente contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, favorito segundo as pesquisas. Bolsonaro foi criticado internacionalmente por sua gestão do meio ambiente e pelo aumento do desmatamento na Amazônia desde que chegou ao poder em 2019.
Freire, porém, que durante a visita à Europa fez uma escala na Dinamarca para promover a agenda ambiental brasileira, desafiou os críticos a manter uma mente aberta. “Independentemente da simpatia da pessoa ou não pelo governo atual, o Brasil tomou uma decisão de um caminho de crescimento verde, que é uma decisão sem volta”, garantiu.
IMA abre consulta pública inédita para atualizar instruções normativas
O Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) convida a sociedade para participar da consulta pública inédita, que começa nesta quarta-feira, 6, para revisar os procedimentos de licenciamento ambiental, começando pelas Instruções Normativas (INs). O IMA disponibilizará 57 INs na Consulta Pública. Os documentos serão incluídos gradativamente pela equipe técnica e ficarão disponíveis neste link. Nesta primeira etapa a consulta ficará aberta até o dia 16 de abril.
A readequação das instruções normativas se faz necessária para agilizar procedimentos, padronizar entre todas as Coordenadorias Regionais, equalizar com a legislação ambiental vigente, desburocratizar sem perder a essência que é a conservação dos recursos naturais do Estado. “Está é a primeira vez que o IMA lança uma Consulta Pública com esta finalidade, pois desejamos construir junto com a sociedade um produto de excelência, que alie os controles ambientais adequados, a produtividade, e o desenvolvimento econômico e sustentável à realidade de cada atividade”, explicou o presidente do IMA, Daniel Vinicius Netto.
O público poderá opinar sobre nomenclatura dos documentos, aplicação prática, além de sugerir alterações. Após a compilação dos dados, a equipe técnica decidirá sobre a inclusão das sugestões na publicação oficial.
As INs são documentos oficiais publicados e estabelecem critérios, conceitos e procedimentos a serem observados no licenciamento ambiental para atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais.
Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul é reconhecido pela UNESCO
O dia de hoje (13/04/22) representa um marco na história de sete municípios do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. O Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul acaba de ser reconhecido pela UNESCO como um território de relevância geológica internacional e passa a integrar oficialmente a Rede Global de Geoparques (Global Geoparks Network – GGN), como o segundo geoparque brasileiro. A chancela insere a região no mapa dos destinos que são exemplo de gestão com foco no desenvolvimento sustentável e abre portas para novas oportunidades de cooperação com outros 176 Geoparques em 46 países.
A decisão foi anunciada pela UNESCO após a 214ª sessão do Conselho Executivo realizada hoje, que endossou a aprovação de oito novos geoparques. A novidade foi recebida com entusiasmo pela equipe envolvida e a população do território tem bons motivos para comemorar. Os Geoparques são considerados territórios do futuro, onde as riquezas naturais e culturais se revelam como os principais recursos para a geração de novas oportunidades de renda e melhoria das condições de vida das comunidades.
O Geoparque Cânions do Sul é formado pelos municípios de Cambará do Sul, Mampituba e Torres, no Rio Grande do Sul; Praia Grande, Jacinto Machado, Timbé do Sul e Morro Grande, em Santa Catarina. O território abrange uma área total de 2.830 km2 e cerca de 74 mil habitantes.
No dia 21 de abril, a UNESCO apresenta os novos Geoparques em um evento digital de boas-vindas que pode ser acompanhado ao vivo pela internet, a partir das 9 horas, no canal do YouTube: Global Geoparks Network. Com isso, o Brasil passa a ter três Geoparques, sendo o primeiro deles o Geoparque Araripe, no Ceará, reconhecido em 2006, e agora os Caminhos dos Cânions do Sul e o Geoparque Seridó (Rio Grande do Norte), que recebem o título ao mesmo tempo.
Crédito de reciclagem: inovação e renda
Por Joaquim Leite*
A reciclagem é uma relevante cadeia de atividades, responsável por evitar a poluição do meio ambiente. São reciclados atualmente 97% das latas de alumínio e 94% das embalagens de defensivos. A título de comparação, em 1999, 50% das embalagens vazias de defensivos agrícolas foram doadas ou vendidas sem controle, 25% tiveram como destino a queima a céu aberto, 10% foram armazenadas ao relento e 15% foram abandonadas. E vamos acelerar esta importante solução ambiental.
Lixo é poluição, é degradação, especialmente em nossas nascentes, rios, mares e cidades. É inaceitável ver as nossas praias e ruas cheias de lixo com plástico e vidro, pois ainda hoje, menos de 20% do total é destinado corretamente.
Tudo começa na principal peça que gira esta engrenagem, o consumidor, passando pela indústria e importadores e terminando no gestor dos resíduos que transforma o problema, o lixo, em solução, como matéria prima para uma economia circular.
Consuma, mas consumir de forma correta é responsabilidade de cada um de nós. Devemos destinar corretamente nosso lixo e lembrar de comprar e descartar da forma correta: da garrafa plástica à geladeira, da pilha ao remédio, do óleo ao colchão.
Um modelo a ser seguido é o da indústria de defensivos agrícolas, onde tanto os produtores rurais quanto os fabricantes, os revendedores e os recicladores trabalham juntos, há mais de 20 anos, para garantir o retorno praticamente total das embalagens utilizadas, fruto de um trabalho ambientalmente correto.
Vamos atuar em todos os elos desta cadeia, com atenção especial aos catadores de lixo que passam a ser agentes de reciclagem, com a coleta dos resíduos separados nas casas e edifícios e a entrega nos pontos de descarte, uma atividade complementar com renda extra.
Os Ministérios do Meio Ambiente e da Economia juntos criaram uma inovadora política para valorizar economicamente o lixo e assim, no futuro, eliminar este tipo de poluição da natureza, o Certificado de Reciclagem.
Serão leilões reversos de indústrias e importadores que já têm a obrigação de recolher embalagens e agora terão mais uma ferramenta de incentivo para estas ações, comprando créditos de reciclagem que vão beneficiar, especialmente, os agentes de reciclagem e acelerar o reaproveitamento de resíduos que iriam para o lixo.
Estruturamos uma inovadora plataforma digital, chamada Recicla+, para registro de transações, com toda a segurança digital, garantia de rastreabilidade e não duplicidade, baseada em compromissos setoriais e empresariais de eliminação da poluição de embalagens na natureza. Será efetivamente um instrumento de gestão ambiental para promover a redução do lixo e a valorização da reciclagem.
O Ministério do Meio Ambiente será rigoroso com metas e obrigações dos setores envolvidos para retorno das embalagens, que na fase inicial serão plásticos e vidros.
Assim, desenvolvendo uma nova economia verde, iremos trocar o lixo por atividades lucrativas no setor de tratamento de resíduos, soluções ambientais inteligentes para os empreendedores, a natureza e os catadores, agora agentes de reciclagem, com geração de renda e empregos verdes.
*Ministro do Meio Ambiente
Fonte de informação: https://exame.com/brasil/credito-de-reciclagem-inovacao-e-renda/
União incentiva produção e uso sustentável do biometano
Na segunda-feira (21/03), foram lançadas medidas para incentivar a produção e o uso sustentável do biometano. O Presidente da República, Jair Bolsonaro conheceu e dirigiu um veículo movido a biometano, um biocombustível gasoso obtido pela purificação do biogás que pode substituir o gás natural, o diesel e a gasolina.
No Palácio do Planalto, ocorreu a cerimônia em que foram assinados um decreto e duas portarias que fomentam o uso do biometano como fonte energética renovável e ambientalmente sustentável ao contribuir para a redução de resíduos, para a emissão de gases de efeito estufa, aumentar a segurança energética e levar energia limpa para diferentes localidades.
Uma das medidas assinadas inclui os investimentos em biometano no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi). Os projetos inseridos nesse regime têm suspensa a cobrança de PIS e COFINS para aquisição de máquinas, materiais de construção, equipamentos, dentre outros componentes.
A inclusão vai contribuir para a construção de novas plantas para produção do biometano, aumentando a oferta do produto e a instalação de corredores verdes para abastecimento de veículos pesados, com impactos na redução de emissões de Gases do Efeito Estufa, de acordo com o Ministério de Minas e Energia. O investimento previsto é superior a R$ 7 bilhões, com geração de 6500 empregos na construção e operação das novas unidades.
Distribuição e produção
Serão construídas 25 novas plantas distribuídas em São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, segundo o ministério. A produção deve saltar de 400 mil metros cúbicos por dia para 2,3 milhões de metros cúbicos por dia em 2027, suficiente para abastecer mais de 900 mil veículos leves por ano. Além disso, serão evitadas as emissões de quase 2 milhões de toneladas de carbono na atmosfera, o que corresponde ao plantio de 14 milhões de árvores em termos de captura de carbono.
Ainda foi instituída a Estratégia Federal de Incentivo ao Uso Sustentável de Biogás e Biometano, por meio de decreto assinado pelo Presidente Jair Bolsonaro. O objetivo da estratégia é fomentar programas e ações para reduzir as emissões de metano e incentivar o uso de biogás e biometano como fontes renováveis de energia e combustível.
O decreto tem diretrizes para incentivar o mercado de carbono, em especial o crédito de metano, a promoção da implantação de biodigestores e sistemas de purificação de biogás e de produção e compressão de biometano. Prevê também o fomento ao desenvolvimento de pesquisas científico-tecnológicas sobre biogás e biometano e o incentivo à cooperação nacional e internacional para a implementação de ações de redução das emissões de metano, entre outros.
Redução da emissão de gases de efeito estufa
Para completar o conjunto de medidas, foi instituído, pelo Ministério do Meio Ambiente, o Programa Nacional de Redução de Emissões de Metano – Metano Zero. A iniciativa visa reduzir as emissões de metano e fomentar acordos setoriais, contribuindo para o cumprimento dos compromissos assumidos pelo Brasil durante a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), ocorrida no ano passado.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, entre outras ações, o programa pretende transformar os produtores rurais e gestores de aterros sanitários em fornecedores de combustível e energias limpas e renováveis. O programa prevê a abertura de linhas de crédito e financiamento para a implantação de biodigestores, criação de pontos e corredores verdes para abastecimento de veículos pesados movidos a biometano, em substituição ao diesel, entre outros.
Biometano: Alternativa renovável
O biometano é um biocombustível gasoso obtido a partir do processamento do biogás. Por sua vez, o biogás é originário da decomposição de material orgânico por ação das bactérias, composto principalmente de metano e dióxido de carbono (CO2).
O biometano obtido de resíduos, essencialmente orgânicos, é aquele proveniente das atividades agrossilvopastoris ou de certas atividades comerciais como, por exemplo, alimentos descartados por bares e restaurantes.
O produto reduz as emissões de gases de efeito estufa, incentiva o tratamento de resíduos, melhorando assim a atratividade econômica dos projetos, diminui a dependência externa de combustíveis fósseis e interioriza o gás natural em regiões não atingidas por gasodutos.
De acordo com o Governo Federal, o aproveitamento econômico do biometano será fundamental para aumentar a segurança energética e promover a interiorização do gás, levando energia limpa para diferentes localidades de nosso país.
Projeto reduz encargos financeiros de fundos constitucionais para projetos ambientais
O Projeto de Lei 465/22 determina que as operações de crédito realizadas com recursos dos fundos constitucionais (FNO, FNE e FCO) terão os encargos financeiros reduzidos quando destinadas ao financiamento de projetos ambientais. A proposta tramita na Câmara dos Deputados.
A redução abrangerá projetos de conservação e proteção do meio ambiente, recuperação de áreas degradadas ou alteradas, recuperação de vegetação nativa e desenvolvimento de atividades de mitigação ou adaptação às mudanças climáticas.
O desconto será calculado por meio da multiplicação do encargo financeiro por fatores que reduzem a taxa para o tomador (fator de 0,5%, para os financiamentos de projetos de investimento até R$ 200 mil; e 0,9%, para os financiamentos acima desse valor).
A proposta é do deputado Edilázio Júnior (PSD-MA) e altera a Lei 10.177/01, que regula as operações dos três fundos constitucionais.
O deputado afirma que a proposta visa aproveitar a estrutura legal e institucional dos fundos constitucionais para financiar medidas de mitigação e adaptação climáticas, principalmente por meio de recursos vindos do exterior.
“Esses fundos são objeto de contínuas e aprofundadas avaliações e revisões de estratégia e poderiam ser apresentados como um veículo exemplar para a aplicação confiável de recursos internacionais de financiamento climático”, disse Edilázio Júnior.
Tramitação
O projeto será analisado, em caráter conclusivo pelas comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Fonte: Agência Câmara de Notícias
Greenwashing provoca “mancha moral”
A preocupação dos consumidores e investidores com as práticas de responsabilidade socioambiental por parte das empresas tem crescido nos últimos anos, colocando companhias e setores inteiros sob aviso. Cada vez mais há menos espaço para quem insiste em desconhecer a sigla ESG (do inglês, Environmental, Social and Governance ou Ambiental, Social e Governança, em português).
Uma prática tão deletéria quanto a ignorância proposital sobre o tema é a tentativa de enganar o público com um “discurso verde”, que não condiz com as práticas da empresa. Batizado como greenwashing (lavagem verde), a ação tenta se valer de uma comunicação falsa de ações e resultados embalada como responsabilidade corporativa.
Em junho de 2019, a Nielsen divulgou um estudo demonstrando que 42% dos consumidores brasileiros estavam mudando seus hábitos de consumo para reduzir seu impacto ambiental e 30% dos entrevistados estão atentos aos ingredientes que compõem os produtos.
Já um levantamento sobre consumo consciente feito desde 2015 pelo SPC Brasil e pelo Meu Bolso Feliz, mostrou que, em 2018, 71% dos consumidores davam preferência a produtos de marcas comprometidas com ações ambientais e sociais e 56% chegavam a desistir da compra se a empresa adotasse práticas nocivas ao meio ambiente.
E, embora muitos apostassem que a tragédia sanitária e econômica deflagrada pela Covid-19, a partir de março de 2020, pudesse arrefecer os ânimos, estudos apontam que a pauta social e, especialmente, a ambiental tomaram ainda mais força nos últimos dois anos.
No fim do ano passado, a consultoria Walk The Talk, by La Maison criou a primeira edição do Índice GPS (Global Positiosing on Sustainability), para avaliar a percepção dos brasileiros sobre o que eles encaram como importante para ações sustentáveis por parte das empresas.
Segundo o estudo, 94% das pessoas acreditam que as empresas precisam fazer algo em prol do planeta e dos seres humanos e 47% delas também pensam que as marcas podem contribuir de forma positiva com seus recursos contra os problemas enfrentados. Ao mesmo tempo, porém, 31% dos brasileiros também acreditam que não existem corporações ativistas no País.
Uma pesquisa global realizada pela consultoria KPMG também revela que o consumidor brasileiro se preocupa com os aspectos socioambientais e de governança das empresas na hora de decidir por uma compra. E mais: o brasileiro é mais preocupado com o ESG que cidadãos de outros países.
Para 25% dos entrevistados em 12 países, ao menos um fator ESG é importante e 16% consideram relevante o aspecto de consciência social das marcas. É nesse grupo que os brasileiros se destacam. Entre 2019 e 2020, aumentou em 9% a presença de brasileiros entre os mais preocupados com os aspectos socioambientais das empresas. O índice é o maior entre todos os países pesquisados. Apenas na China o pErcentual também cresceu: 8%.
Papel da sociedade
A pressão, porém, ainda não se mostrou suficiente. A pesquisa “Visão do Mercado Brasileiro sobre os Aspectos ESG”, realizada pela Bravo Research, mostrou que, apesar de ser um tema em alta, empresas ainda estão compreendendo sua relevância e seu impacto. Mais de 90% dos líderes e gestores entrevistados afirmaram que as boas práticas de sustentabilidade podem trazer ganhos, no entanto, 54% ainda não possuem uma área dedicada ao ESG em suas empresas e 63% não souberam quantificar quanto pretendem investir nisso. Ainda assim, 65% afirmaram pretender criar essa área nos próximos dois anos.
Para a professora de Marketing da Fundação Dom Cabral (FDC), Luciana Faluba, apostar em um discurso capaz de enganar o público é um verdadeiro “tiro no pé” das empresas. Em que pese o estrago feito pelas fake news, o público está cada vez mais atento e buscando checar as informações.
“Fazer greenwashing é sem dúvida um grande erro. Estamos em um contexto de uma crise de confiança nas nossas instituições e elas precisam se posicionar. Quando a marca é admirada, o consumidor tem uma série de expectativas que não podem ser rompidas. O discurso tem que estar alinhado à prática. O risco dessas empresas serem ‘descobertas’ é muito grande. Falando da questão ambiental, temos um consumidor cada vez mais informado, mas não tão informado sobre determinados assuntos. A recomendação para essas empresas é começar a trabalhar o processo de educação do consumidor. É dar luz ao processo”, explica Luciana Faluba.
Uso de areia deve ser estratégico para evitar impactos ambientais
Relatório de impactos ambientais aponta necessidade de utilizar o segundo recurso mais explorado do mundo de forma estratégica; soluções passam por alterações legais, reciclagem de materiais de construção e uso de pedras britadas e “areia de minério” *
A areia é o segundo recurso mais usado do planeta, atrás apenas da água. Um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, revela que ela deve ser reconhecida como um recurso estratégico repensando sua extração e uso.
Anualmente, o mundo usa 50 bilhões de toneladas de areia e cascalho. O Pnuma afirma que o volume seria suficiente para construir uma parede de 27 metros de largura e 27 de altura em volta de todo o planeta Terra.
Estudo
O relatório Areia e Sustentabilidade: 10 recomendações estratégicas para evitar uma crise, lançado pela agência da ONU, apresenta orientações importantes, reunidas junto a especialistas de todo o mundo, para que sejam adotadas as melhores práticas de exploração e gestão do recurso.
A extração de areia em áreas como rios e ecossistemas costeiros ou marinhos, pode provocar erosão, salinização de aquíferos, perda da proteção contramarés de tempestade, além de gerar impactos na biodiversidade.
Uma ameaça a diversos serviços essenciais, como o abastecimento de água, à produção de alimentos, à pesca, à indústria do turismo, entre outros.
De acordo com o relatório, a areia deve ser um recurso estratégico, não somente para o setor da construção, mas também por causa das múltiplas funções que desempenha no meio ambiente.
Valor social e ambiental
O estudo destaca que governos, indústrias e consumidores devem precificar a areia de forma que seu verdadeiro valor social e ambiental seja reconhecido.
Por exemplo, a conservação da areia nas zonas costeiras pode ser a estratégia mais econômica para a adaptação às mudanças climáticas devido à maneira como ela protege contra as mudanças nas marés provocadas por tempestades e dos impactos da elevação do nível do mar, tais serviços devem ser considerados no cálculo do valor do recurso.
A publicação ainda propõe a criação de um padrão internacional para a extração da areia do meio ambiente marinho. Isso poderia trazer melhorias significativas, já que a maioria dos procedimentos de dragagem marítima é feita por meio de licitações públicas abertas a empresas internacionais.
Além disso, o relatório recomenda que a extração de areia das praias seja proibida devido à importância que o recurso tem para a resiliência costeira, o meio ambiente e a economia.
Infraestrutura, moradias, alimentos e natureza em jogo
A areia é fundamental para o desenvolvimento econômico, sendo necessária para produzir concreto e construir infraestruturas vitais que vão desde casas e estradas até hospitais.
Ao proporcionar habitats e locais de reprodução para flora e fauna diversas, a areia também desempenha uma função essencial no apoio à biodiversidade, incluindo plantas marinhas que atuam como sumidouros de carbono ou filtrantes da água.
O recurso será crucial para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e para enfrentar a tripla crise planetária da mudança climática, poluição e perda da biodiversidade.
Entretanto, segundo o Pnuma, sua utilização está ocorrendo de forma mais rápida do que a sua capacidade de reposição, por isso sua gestão responsável é crucial.
Economia circular
Segundo o relatório, existem soluções para avançar rumo a economia circular de areia. A proibição do aterro de resíduos minerais e o incentivo à reutilização da areia em licitações públicas estão entre as medidas políticas citadas.
Pedras britadas ou materiais de construção e demolição reciclado, bem como a “areia de minério” proveniente dos rejeitos da mineração, estão entre as alternativas viáveis que também devem ser incentivadas, detalha o relatório.
Ademais, são necessárias novas estruturas institucionais e legais para que a areia seja gerenciada com mais eficácia e para que as melhores práticas sejam compartilhadas e implementadas.
Recursos minerais
O relatório ainda recomenda que os recursos de areia sejam mapeados, monitorados e informados. Paralelamente, todas as partes interessadas devem estar envolvidas nas decisões relacionadas à gestão da areia para permitir abordagens específicas para cada lugar e evitar soluções generalizadas, salienta o documento.
O relatório é divulgado na sequência de uma resolução sobre a gestão dos recursos minerais adotada na quarta Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que exige ações sobre o manejo sustentável da areia.
Essa determinação foi confirmada na reunião deste ano, por meio da nova resolução intitulada “Aspectos ambientais da gestão de minerais e metais”, aprovada por todos os Estados-membros.
*Com reportagem do Pnuma no Brasil
Fonte: Jornal do Meio Ambiente